segunda-feira, junho 30, 2008

Hoje o programa Café com Notícia (94,5, de 7 às 8:30 h) entrevistou o delegado Ericlaudio Alencar. Ele está fazendo uma pesada campanha para que o horário de funcionamento de casas noturnas seja respeitado.
Já vi gente dizendo que, ao invés de se preocupar com as casas noturnas, os policiais deveriam se preocupar com a violência. Acontece que uma coisa está diretamente relacionada com a outra. Todas as cidades que conseguiram diminuir sua criminalidade reduziram o horário de funcionamento de bares e boates. Exemplos: Diadema, Nova York e Bogotá.
Bogotá era uma das cidades mais violentas do mundo. Hoje tem um nível de criminalidade baixíssimo. Uma das coisas que as autoridades de Bogotá descobriram é que os policiais perdiam a maior parte do seu tempo atendendo ocorrências nesses estabelecimentos. Eram clientes que não pagavam, brigas de bar... Com as casas noturnas fechando mais cedo, o policiamente podia se concentrar em evitar os assaltos.
Parabéns à polícia civil e ao delegado Ericlaudio pela iniciativa.



Essas são as fotos da filmagem do curta-metragem O convite, resultado do curso que eu e o Alexandre Brito ministramos no SESC na semana passada. O outro curta chama-se Crime e Mistério. Ambos serão lançados amanhã às 17 h na sala do Cine SESC, no Araxá. Estão todos convidados. (As fotos são cortesia do aluno Zoar Monteiro)

Wall-E


Fomos assistir Wall-E, a mais recente animação da Pixel. É a história de um futuro em que a terra ficou tão cheia de lixo que os humanos patiram numa nave espacial, deixando robôs para fazerem a limpeza. Mas a contaminação era tão grande que a viagem que deveria durar cinco anos se estende por séculos. Enquanto isso, os humanos vão ficando cada vez mais alienados e gordos. Sintomáticas as cenas em que duas pessoas estão, uma do lado da outra, mas conversam pela internet, ou aquela em que as pessoas vão para psicina, mas não entram na água.
O personagem principal é um desses robôs deixados para fazer a limpeza, o Wall-E do título. Wall-E é mais humano que a maioria dos personagens humanos de outros filmes. Embora seja um robô, ele é tridimensional: é romântico, apaixonado, mas também covarde e medroso. Mas, quando surge uma robô chamada Eva, Wall-E precisará superar seus medos para conquistar seu amor e, talvez, salvar a humanidade. Embora a Pixel tenha ficado famosa pela tecnologia de animação em 3D, o que impressiona mesmo é o roteiro muito bem estruturado. Até mesmo um personagem terciário, como o robozinho responsável por desinfetar a nave (e que parece ter sido colocado no filme apenas para garantir algumas gags visuais) acaba tendo importância fundamental na história.
Além disso, o filme vale pela muito bem sacada crítica à tanto à alienação quanto à forma como estamos tratando o planeta.
De negativo apenas algumas forçadas de barra no roteiro. Os humanos, por exemplo, compram muito rápido a idéia de voltar para a Terra...

domingo, junho 29, 2008

Um novo olhar sobre o gato



Com seu ar enigmático, ele já foi associado a deuses e demônios ao longo da história. Hoje, após milênios de convivência com o homem, o bichano é o animal de estimação mais adaptado à vida moderna e um aliado considerável na hora de cuidarmos da nossa saúde. Leia mais

Comentário: boa essa matéria da revista Galileu sobre os gatos. Sempre gostei de gatos. Acho-os fascinantes. São inteligentes, misteriosos, indecifráveis. Só não temos um porque meu filho tem alergia aos pêlos. Outro que gosta muito de gatos é o escritor britânico Neil Gaiman. Um conto de mil gatos, que foi publicado na revista Sandman, mostra bem esse ar misterioso dos felinos. A HQ fala de um gato que percorre o mundo convencendo os gatos a sonharem com um mundo no qual são os gatos, e não os humanos que dominam. Segundo eles, se mil gatos se juntarem nesse sonho, isso acontecerá. Uma das melhores histórias da série Sandman.

Dinheiro no lixo

Um deputado amapaense pediu, e a caixa d´água do bairro do Congós já está sendo destruída. Essa caixa d´água foi construída por um prefeito, que, não tendo conseguido se reeleger a abandonou. Quem assumiu foi uma líder comunitária local e os moradores começaram a receber água em suas casas. Mas chegou um período em que a manutenção se tornou muito cara e a inadiplência muito alta, e ela desistiu. Ao invés do governo assumir a estação, resolveu destruir e jogar no lixo o dinheiro do consumidor. Enquanto isso, a água da Caesa chega nas casas a conta-gotas. Na época em que tinha ligação da Caesa aqui em casa, a pressão era tão baixa que a água só saia por uma torneira que ficava ao nível do chão. Mandei desligar e uso a água do poço artesiano, que não é tratada, mas pelo menos chega nas torneiras. A caixa d´água que está sendo destruída não poderia ser usada para melhorar a situação da distribuição? Na época em que ela funcionava, a água chegava forte nas torneiras... Lamentável! Dá vontade de pedir o dinheiro que pago em impostos de volta...

História dos quadrinhos

O homem de ferro

Em 1963, a Marvel vivia o auge da criatividade. Personagens como Homem-aranha, Thor, Hulk e Quarteto Fantástico revolucionavam os quadrinhos de super-heróis. Foi nesse ano que surgiu um dos personagens mais políticos da editora: o Homem de ferro.
Stan Lee queria fazer um personagem que fosse bilionário e inteligente, um ricaço (talvez em oposição ao pé-rapado Homem-aranha). Mas, como sempre acontecia com os personagens da Marvel, este precisava ter um ponto fraco, um pé de barro. O Demolidor, por exemplo, era cego. Que problema tornaria esse novo personagem frágil? ¨E se o nosso herói tivesse uma falha no coração? E se esse problema o obrigasse a usar um dispositivo metálico para se manter vivo? Ora, esse dispositivo poderia ser o elemento básico numa armadura capaz de lhe dar poderes, e, ao mesmo tempo, esconder sua identidade¨, pensou Stan Lee.
O personagem surgiu em plena guerra do Vietnã e foi usado como propaganda patriótica.
Assim, o herói é Tony Stark, um homem que fabrica armas para o exército norte-americano. Em um de suas visitas ao campo de batalha, ele é atingido por estilhaços de granadas e feito prisioneiro pelos vietcongs. O famigerado general comunista Wong Chu o obriga a construir uma arma para derrotar os exércitos da democracia, mas Stark usa o tempo para construir para si uma armadura capaz de mantê-lo vivo e derrotar as tropas comunistas.
Essa história foi publicada na revista Tales of Suspense 39, com grande sucesso (o que fez com que o personagem ganhasse um desenho animado). Posteriormente o herói metálico iria dividir a revista com o Capitão América, reformulado por Stan Lee e Jack Kirby.
Embora o uniforme do personagem tenha mudado muito desde aquela primeira aventura, alguns elementos se mantiveram inalterados: o problema de coração e o poder que se esvai quando a energia acaba, obrigando o herói a parar para recarregar... só o fator político que foi esquecido quando a guerra do Vietnã se tornou impopular entre os norte-americanos. Anos depois, escrevendo sobre o herói, Stan Lee fez um meã culpa: ¨Este conto foi escrito em 1963 e, nessa época, nós acreditávamos que o conflito naquela terra sofrida era uma simples questão de confronto entre o bem e o mal. De lá para cá, todos nós crescemos um pouco e, até hoje, estamos tentando nos livrar do trágico envolvimento com a Indochina¨.

sábado, junho 28, 2008

Este vídeo foi criado como atividade prática para o módulo Movimento do curso de pós-graduação em Artes Visuais do SENAC. Usei como base a idéia taoista de que a vida é movimento. Para representar isso, usei vários objetos no formato de círculo e a música Canção para minha morte, de Raul Seixas.

sexta-feira, junho 27, 2008

Cola


Existe uma espécie de guerra não declarada entre professores e alunos: os alunos estão sempre procurando maneiras mais eficientes de colar e os professores estão sempre bolando uma forma de acabar com a graça dos estudantes.
Quando eu era mais jovem, tinha um colega de cabelo black power que era particularmente útil nos dias de avaliação. Ele transformava o assunto em pequenos rolinhos de papel e enfiava na cabeleira. Na hora da prova, era só tirar o papel e fazer uma breve consulta. Como os rolinhos sempre voltavam para a cabeleira e ele nunca lavava a cabeça, o cabelo daquele rapaz era uma verdadeira enciclopédia de assuntos escolares.
Uma forma óbvia de colar é colocar as anotações debaixo da prova. Mas é também a mais perigosa. Uma vez percebi que uma aluna estava usando esse estratagema e me postei ao lado dela, esperando o descuido. O descuido não veio, mas também ela não fez mais nada. Ficou suando e olhando o tempo todo por cima dos ombros, coitada. Tive vontade de dizer: “Ei, pode usar essa cola!”, mas o instinto sádico falou mais alto.
Tem aquela de colocar a cola no meio das pernas, uma situação particularmente constrangedora. Dois professores estavam passando uma prova quando um perguntou ao outro: “Você viu a cola no meio das pernas daquela aluna?”. E o outro: “Mudou de nome?”.
Mas a minha lembrança predileta de colas aconteceu quando passei uma prova em uma turma famosa por usar colas. Elaborei quatro tipos de provas, mas fiz marcação cerrada, andando entre os alunos, para que eles não desconfiassem. No final, quando só havia uma aluna na sala, os outros acharam que todos já tinham terminado e entraram perguntando:
- Professor, tinha mais um tipo de prova?
Ao que eu respondi:
- Tinha quatro!.
A aluna que ainda fazia a prova levou as mãos à cabeça e gritou:
- Mais de um tipo? Ai meu Deus, estou ferrada!

quarta-feira, junho 25, 2008

O nome da águia

Um dos males de Machado de Assis foi ter, com sua obra de incontestável qualidade, a idéia de que um romance só vale pela análise psicológica dos personagens, ou pela construção sociológica da história. A predominância de Machado em nossa literatura fez com que o modelo literário brasileiro passasse a ser uma marcha lenta constante, como diz Guga Schultze em seu texto no Digestivo Cultural.
No Brasil, autores como Isaac Asimov, que sempre centraram suas obras na trama, seriam relegados pela crítica ao ostracismo. Claro que isso tem relação direta com diferença entre Brasil e EUA. A literatura norte-americana se formou em meio ao fenômeno da massificação e da industrialização. De repente, uma enorme massa de pessoas alfabetizadas e com dinheiro estava interessada em diversão e comprava tudo que saía, de jornais aos famosos pulp fiction, passado pelos gibis. Embora, evidentemente, houvesse autores que centrassem sua atenção mais na psicologia dos personagens, ou nas questões estilísticas, havia uma boa tradição de obras escritas com pé na trama. Uma tradição que vem de Edgar Allan Poe.
No Brasil, o guia literário sempre foi Machado, um funcionário público que escrevia livros, com ritmo de uma vela que queima, para um público aristocrático.
O único gênero em que a ênfase sobre a história pareceu sobreviver foram os livros juvenis e infantis. Foram neles que surgiram grandes autores, tais como Monteiro Lobato e Marcos Rey, que deliciaram gerações de leitores. Lobato, aliás, costumava dizer que não fazia literatura, para diferenciar sua obra dos "acadêmicos". Mas essas crianças e jovens, que moravam nos livros de Lobato ou de Marcos Rey, quando ficam adultos, ou se acostumam com a literatura brasileira em marcha lenta, ou buscam autores estrangeiros. São poucos os escritores que se dedicam a gêneros mais populares.

Essa longa introdução é, na verdade, para falar de O Nome da Águia (Novo Século, 2008, 320 págs.), de autoria de Alexandre Lobão. O livro não tem nada do que se tem visto como qualidade nos autores nacionais: não há longas análises de personagens, nem preocupações sociológicas. Também não há um estilo rebuscado. Há apenas uma história intrigante e bem amarrada, que poderia dar um bom seriado ou (melhor) uma história em quadrinhos.

Lobão, que é roteirista de cinema e quadrinhos, aposta todas as suas fichas na ação e no suspense causado pelos vários ganchos jogados ao longo da história. Além disso, o livro apresenta narrativas alternadas, um capítulo no presente e outro no passado, mostrando encarnações passadas dos personagens. Lembra os bons quadrinhos da década de 1980, período em que os artistas exploraram ao máximo as potencialidades narrativas da nona arte, em histórias pouco convencionais e não lineares.
A história de O Nome da Águia começa em 3497 antes de Cristo, numa pequena tribo de hebreus. Sete personagens recebem dons especiais. Entre eles, dois se destacam: Hebel encarna o amor de Yahweh; Qnah, a paixão.
A narrativa, em seguida, pula para o ano de 2012 depois de Cristo, quando um arqueólogo alemão descobre um documento em hebraico nos restos do bunker de Hitler e comunica a um amigo.
A partir daí, vamos acompanhando as descobertas dos dois cientistas e a perseguição sofrida por eles, alternadas com a narrativa das várias encarnações pelas quais vão passando Qnah e Hebel, que tomam rumos completamente diferentes. Enquanto Hebel difunde a palavra de Deus através de exemplos e da bondade, Qnah tenta fazê-lo através de impérios. Nesse sentido, a trama é um tanto óbvia. Torna-se evidente que Qnah irá encarnar reis, como Alexandre, O Grande e Alexandre Janeu, rei da Judéia ou mesmo Átila. Por outro lado, Hebel irá encarnar Buda e mesmo Jesus.
O interessante aí é não só adivinhar que personagens eles personificarão, mas perceber como o autor irá explicar as inevitáveis incoerências, como o fato de Qnah encarnar Herodes, que manda matar o menino Jesus, e depois irá encarnar papas ferrenhos defensores do cristianismo. Ou como esse personagem, sendo originalmente hebreu, virá a ser Hitler, o maior perseguidor dos judeus.
Surpreendentemente, Lobão consegue atar os fios soltos da trama, explicando até mesmo as incoerências. Essas incoerências, aliás, acabam se tornando, na narrativa, uma forma de ironia.
Algo interessante em O Nome da Águia é o uso da reencarnação. Num país em que há uma parcela considerável da população que acredita no espiritismo, é surpreendente que outros escritores não usem esses preceitos em seus escritos. Na verdade, os livros que falam sobre o assunto são exclusivamente religiosos.
Lobão percebeu a possibilidade narrativa que a reencarnação oferece, ao mostrar como a atuação dos personagens no presente está calcada em suas vidas passadas. E faz isso sem dogmatismo. Ele não quer converter o leitor, quer apenas usar um artifício narrativo pouco usual.
A edição da Novo Século contribui para o bom resultado da obra. Diagramação correta, papel de encorpado, capa com ilustrações em alto relevo. Só faltou uma maior preocupação com a revisão, especialmente com o tempo verbal, que oscila do passado para o presente, às vezes no mesmo parágrafo, como no trecho a seguir: "A multidão abriu espaço enquanto o grupo se encaminhava ao centro da aldeia. Lá chegando, Hebel e Qnah sobem em um pequeno palco no canto da área central". Não é o fim do mundo, mas essa ida e volta dos tempos verbais incomoda o leitor mais atento. De resto, O Nome da Águia acaba sendo um bom thriller de ação num mercado que carece desse tipo de obra.
Ps: Estou com mais um exemplar do livro. Quem quiser concorrer a ele, basta começar a comentar. O leitor que fizer mais comentários de hoje até o dia 20 de julho vai receber, em casa, o ótimo livro de Alexandre Lobão.

terça-feira, junho 24, 2008


A procura pelo curso de roteiro e produção de curta-metragens foi tão grande que o SESC preciso abrir uma segunda turmas, cujas aulas vão acontecer no final de julho. Para essa turma ainda tem oito vagas. As inscrições podem ser feitas no SESC Araxá.

A primeira turma já produziu e escolheu seus roteiros e sai amanhã para filmar...


Guerrilha matadora


Os publicitários responsáveis pela promoção da série Dexter, sobre um assassino, resolveram investir pesado em ações de guerrilha. Uma dessas ações foi colocar pedaços falsos de corpos humanos em vitrines de açougues com uma divulgação do seriado espetados. Conheça outra ações.

segunda-feira, junho 23, 2008

Como escrever quadrinhos - criação de personagens

Um dos primeiros problemas para se construir a história são os personagens. Toda HQ precisa de personagens, mesmo que sejam um gato, um dinossauro ou uma pedra rolando por um despenhadeiro.
A construção de personagens tem sido tema de teóricos teatrais, cinematográficos, etc... sem que se chegue a uma conclusão decisiva. De modo que não pretendo dar a última palavra sobre o assunto. Longe de mim. Mas posso dar alguma dicas.
A primeira delas é aprender a observar as pessoas. Da mesma forma que um desenhista precisa precisa ver um anão para desenhar um anão, um roteirista precisa conhecer e entender um neurótico para poder escrever sobre um personagem neurótico.
Há um exercício muito útil : observar as pessoas no ônibus. Escolha uma pessoa e comece a observá-la, dando uma de Sherlock Holmes. Através da aparência externa, tente descobrir quem é aquela pessoa, como ela pensa, de onde vem...
Por exemplo, se, de noite, você encontra no ônibus uma garota muito bem vestida, é provável que ela esteja indo para uma festa. Se ela estiver levando cadernos ou uma bolsa grande, essa teoria estará furada, pois pessoas normais não costumam levar cadernos para festas. Pelo tipo de roupa é possível imaginar para que festa ela está indo. Se ela olhar insistentemente no relógio, é provável que a tal festa signifique muito para ela. É provável que nessa festa esteja alguém importante. Um ex-namorado do qual ela ainda gosta, por exemplo. Ela sabe que a festa será uma grande chance para a reconciliação e por isso se sente ansiosa...
Você pode compor todo um perfil psicológico baseado nessas especulações. Essa garota poderá ficar numa espécie de "arquivo mental" para ser usada posteriormente em uma história.
Outra grande dica é pesquisar livros de linguagem corporal. Na maioria das vezes o corpo fala mais do que as palavras. O escritor policial Dashiel Hammett era um especialista no assunto. Suas descrições detalhadas dos gestos dos personagens muitas vezes indicavam ligações insuspeitas entre estes que iriam influenciar no final da história...
Um exemplo quadrinístico. Quem tiver conhecimentos mínimos de linguagem corporal vai percerber que o personagem Rorschach, de Watchmen, é um homossexual e nutre uma paixão platônica pelo amigo Nite Owl.
Ainda sobre a criação de personagens, é importante ter em mente o que ele significa, o que ele representa. Batman é um homem obcecado pela idéia de ordem. "O mundo só faz sentido se você o força a ter", ele diz em Cavaleiro das Trevas. Batman é o protetor de Gothan e, para cumprir a missão que ele mesmo se incubiu, vale qualquer coisa, até mesmo recrutar uma criança (no caso, o Robin).
A história Para um Homem que Tem Tudo, mencionada anteriormente, é um interessante estudo de personagem. Nela, descobrimos que o maior sonho de Super-homem é que Kripton não tivesse sido destruído. O maior sonho de Batman é que seus pais não tivessem morrido. Portanto, se seus sonhos tivessem se realizado, eles jamais seriam super-heróis. Super-homem sente-se um alienígena em nosso planeta, um órfão completo. Já Bruce Waine talvez se sinta culpado pela morte dos pais. Moore expõe sua opinião de que só pessoas neuróticas e infelizes se tornariam super-heróis.

domingo, junho 22, 2008

1408


Asssisti 1408, filme de terror baseado num conto de Stephen King. Confesso que não esperava muito, mas me surpreendi. A história é sobre um escritor cético, que se especializou em investigar quartos de hotel mal-assombrados. Depois de vários livros publicados sobre o assunto, ele nunca encontrou um caso real de assombração, até se instalar (a contra-gosto do gerente) no quarto 1408 de um hotel em Nova York.
É um caso clássico de suspensão de descrença. Na medida em que o protagonista se convence de que há algo de errado no quarto, nós também nos convencemos e quando a coisa fica escancarada, nós já embarcamos na viagem.
O que realmente gostei muito no filme foi o terror psicológico. Até aparecem fantasmas, mas eles não são o mais importante, ou o mais apavorante. Apavorante mesmo são os fantasmas do passado, que voltam para enlouquecer o herói.
História dos quadrinhos 39
O homem-aranha


O lançamento do Quarteto Fantástico foi uma verdadeira revolução no mercado, abrindo caminho para que a Marvel se tornasse a editora predileta dos fãs. Mas o personagem que melhor representaria esse método Marvel de fazer quadrinhos só surgiria em 1962. Trata-se do Homem-aranha.
Quando Stan Lee apresentou a idéia para o personagem, todos na editora, especialmente o dono, Martin Goodman, acharam que seria um fracasso. Afinal, ele não era rico, era cheio de complexos e falhas de caráter e nem ao menos era bonito, fisicamente. Além disso, todo mundo odeia aranhas.
Mas era justamente nesses pontos negativos do personagem que Lee apostava. Ele achava que os leitores iriam se identificar com aquele nerd que só se dava mal, era rejeitado por todos, mas, quando vestia sua máscara, tornava-se o grande herói da cidade. Para destacar ainda mais esses supostos aspectos negativos, Lee chamou Steve Ditko, que fazia Peter Parker franzino, com cara de nerd. Jack Kirby, o outro grande artista da editora, foi rejeitado por fazer o personagem musculoso. A idéia era mostrar um perdedor que se tornava o herói do pedaço.
O homem-aranha fez um sucesso imediato. A história mostrava o garoto frágil, Peter Parker, vítima de gozação dos outros, que ganha super-poderes ao ser picado por uma aranha radioativa. Inicialmente ele usa esses poderes para ganhar dinheiro, apresentando-se na TV, mas tudo muda quando ele deixa escapar um bandido, que depois irá matar seu tio Ben. A partir de então, ele passa a adotar como lema uma frase do tio: ¨Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades¨ e usa suas novas habilidades para ajudar as pessoas e combater os criminosos. Como contraponto, Parker convive com uma tia super-protetora. Tornou-se comum a cena em que ele liga para tia, ainda vestido de homem-aranha, e ela lhe diz para tomar cuidado, usar agasalho para não se resfriar e, principalmente, tomar cuidado com o Homem-aranha.
A série levou ao extremo os temas já abordados no Quarteto Fantástico. O homem-aranha é extremamente humano. Ele fica doente, tem dúvidas sobre sua atuação com herói, recebe foras das namoradas... Os poderes recebidos parecem mais um fardo, um problema a mais para um garoto que enfrenta vários problemas, entre eles o aluguel do fim do mês. A morte da namorada Gwen Stacy, na década de 1970 mostrou a que ponto o realismo podia chegar: mesmo os protagonistas poderiam morrer.
Uma das histórias mais antológicas do personagem é aquela em que ele precisa conseguir um composto químico capaz de salvar Tia May, mas esse composto também está sendo procurado também pelo doutor Octopus. De repente o herói se vê preso sob uma pesada viga. A seqüência mostra, em várias páginas, ele tentando se livrar do obstáculo. Quando finalmente consegue levantar a viga, o frágil Peter Parker é mostrado (no desenho de Steve Ditko) como um homem musculoso. É como se o grande inimigo que ele precisasse vencer fosse a si mesmo e, ao se tornar vitorioso, ele se tornava um herói. Era algo com que os adolescentes de qualquer lugar do mundo podiam se identificar. Afinal, o que é a adolescência, senão um período de dúvidas, dramas e vitórias?
A grande qualidade dos artistas que passaram pelo personagem (Stan Lee e Gerry Conway nos roteiros, Steve Ditko, John Romita e Ross Andru nos desenhos) só fizeram resaltar o ar de mito que o personagem ganhou. Em todas as culturas há histórias de jovens guerreiros que são desprezados pelos demais, mas que, nos momentos decisivos, acabam salvando a aldeia, ou o reino, ou a cidade. Como Davi, vencendo o gigante Golias.

Hulk


Fomos assistir ao Hulk. Como eu já esperava, o filme é muito bom. Tão bom quanto o primeiro era ruim (tanto que o primeiro filme foi totalmente ignorado, começando-se do zero). Um problema sério do primeiro Hulk era a falta de equilíbrio entre ação e introspecção. A primeira metade do filme era totalmente introspectiva e a segunda metade era só ação. Outro problema era o desrespeito aos quadrinhos. Percebia-se claramente que o diretor não era fã de quadrinhos. Uma figura essencial no novo filme é o ator Edward Norton, fã da Marvel e do seriado da década de 1970. Ele colaborou com o roteiro e colocou várias coisas, ele sabia, iam agradar aos fãs. A origem do Hulk foi vinculada à do Capitão América, numa inspiração direta nas histórias do roteirista Mark Millar em Os Supremos. Foi introduzida a trama do Mr. Blue-Mr. Green, numa referência direta à fase do roteirista Bruce Jones no Hulk (também dessa fase vem o treinamento de Bruce Banner para controlar a emoção). Além disso, a transformação era sempre iniciada por um close-up nos olhos do personagem, que se tornavam verdes, como no seriado. Os ótimos efeitos especiais são a cereja do bolo.

Duas coisas me chamaram atenção no filme:

1 - a locação. O filme começa no Rio de Janeiro, na favela da Rocinha e esse cenário funciona muito bem. Lembro que, quando ministrava oficinas de roteiro, na década de 1990, sempre discutia com os alunos, reclamando de todas as histórias se passarem nos EUA. Eles me respondiam que o Brasil não era um bom cenário para uma história em quadrinhos. Hollywood, pelo jeito, discorda.

2 - a estratégia viral que a Marvel está adotando em seus filmes. No final do Homem de Ferro, aparece Nick Fury convidando Tony Stark para montar uma equipe. No final do Hulk, é o próprio Tony Stark que fala ao general Ross que eles estão montando uma equipe. Além da curiosidade de termos um personagem de um filme participando de outro, há aí uma estratégia muito bem bolada de divulgação do filme dos Vingadores. Isso vai gerando um burburinho entre os fãs, que vão, aos poucos, se encarregando de divulgar a produção. Marketing viral é isso: colocar o próprio consumidor para divulgar seu produto.

sábado, junho 21, 2008


Toda a loja de livros do Submarino está com frete grátis e muitos livros estão com desconto. Uma das atrações é o volume único das Crônicas de Narnia, a R$ 58,10. Esse vai para a estante!

CQC no congresso


Quem acompanha o programa CQC sabe que seus jornalistas foram proibidos de entrarem no Congresso graças ao senador Democrata (?) Efraim Morais. Isso está dando o que falar na net. A polêmica pode ser acompanhada no blog do Marcelo Tas. Aliás, só no Brasil que um partido formado por crias da ditadura militar poderia se chamar Democratas! É mais ou menos como se o partido dos latifundiários se chamasse Partido da Reforma Agrária...

É muita consciência!

Agora a moda em Macapá é as ecolas fazerem passeatas de conscientização. É passeata contra a violência doméstica, contra a dengue, contra a poluição... A dúvida é se isso realmente funciona. Um amigo me contava que viu uma passeata contra a dengue. No rastro dos estudantes, via-se um amontoado de copos plásticos, garrafas, sacos... ou seja, embora fosse contra a dengue, a caminhada ia deixando criadoros de mosquitos por onde passava. Dia desses vi uma passeata em comemoração ao dia do meio ambiente, ou algo assim. As crianças iam com cornetas, apitos, matracas... uma barulheira infernal. Parece que ninguém explicou a eles que cuidar do meio-ambiente inclui evitar a poluição sonora...

sexta-feira, junho 20, 2008

El eternauta

Eu já tinha lido alguma coisa do roteirista argentino Hector Oesterheld. Pouca coisa dele chegou ao Brasil. Dia desses, procurando no 4share, acabei encontrando a coleção completa da série Eternauta para baixar. Fiz o download da primeira parte e comecei a ler. Fiquei impressionado! A história é genial. Em muitos sentidos, lembra Jorge Luís Borges. O mundo é assolado por uma nevasca mortal. Todas as pessoas que têm contato com a neve, morrem. Para conseguir sair de casa, as pessoas precisam usar uma roupa especial, que evita o contato com a neve. A partir desse plot simples, ma engenhoso (baseado no livro Robison Crusoé), o roteirista consegue fazer uma história realmente inquietante, desenvolvendo a trama de maneira genial. Não bastasse isso, há o aspecto político. Quando a Argentina se transformou numa ditadura, Oestherheld transformou sua história numa metáfora política, criticando os militares. Os milicos não gostaram muito e mataram não só ele, mas todos os seus filhos. Da família inteira, só sobrou a esposa e um neto... Para baixar El eternauta, clique aqui.

Pantanal


Alguém aí está assistindo a novela Pantanal? Eu, sempre que posso, assisto um pouco. Pantanal foi a novela que me fez ver com outros olhos a teledramaturgia brasileira. E foi quando virei fã do texto do Benedito Rui Barbosa. Além do ótimo texto, a novela inovava, na época, pelos ângulos inusitados e pela locação no interior do país. Na época, todas as novelas brasileiras eram ambientadas no Rio de Janeiro e o Benedito chegou até a criar um núcleo no Rio, mas depois, quando começaram a sair os primeiros resultados do IBOPE, ficou claro que eram as tramas do Pantanal que seguravam a popularidade da novela e a participação do núcleo carioca foi reduzido a quase nada. Pantanal ainda parece agradar. Reexibida pelo SBT, tem alcançado picos de audiência de 15 pontos.

China usará 'disco voador' para ajudar na segurança


Após 12 anos de desenvolvimento, a empresa chinesa Harbin Smart apresentou no início da semana um veículo - em forma de disco voador - que deverá ser utilizado no país asiático para fazer fotografias aéreas, estudos geológicos e monitoramento de segurança.

Movido a metanol, a aeronave não-tripulada pesa 10 kg e tem 1,2 metro de diâmetro. De acordo com a Harbin Smart, o disco atinge 80 km/h, é capaz de subir a 900 metros e tem autonomia de vôo de 40 minutos. Leia mais

quinta-feira, junho 19, 2008


O Instituto de Cinema Americano (AFI, em inglês) divulgou uma lista dos 100 melhores filmes do século XX. As películas foram agrupadas por gênero. Na categoria ficção-científica, por exemplo, o primeiro lugar ficou com 2001, uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. Leia a lista completa aqui.

No perfil do tenente Vinicius Ghidetti de Andrade Moraesa aparece o seguinte texto:


¨Justiça se faz assim : Dizimando os marginais!Os 3 marginais não era Santo e tem q morrer , e quando eu sair do qualtel , vou voltar no morro para vingar o q vcs fizeram comigo....... vcs querem justiça !!!então vai ter justiça sim....¨


Uma de suas comunidade, claro, é ¨Adoro som alto no carro¨.
Há algum tempo, quando se cogitou em usar o exército para patrulhar as ruas do Rio de Janeiro, muitos analistas apontaram para o perigo que isso representava. A recente morte de três jovens do morro da Providência mostra que eles estavam certos. Em contato com traficantes, os militares revelaram o seu pior lado. Para quem não sabe, os militares prenderam os rapazes, que não tinham qualquer ligação com o tráfico, por desacato à autoridade. Não se sabe ao certo o que seria esse desacato à autoridade. Talvez os rapazes só tenham brincado com os militares, ou se negado a seguir alguma ordem. O fato é que o capitão achou que o fato não merecia prisão e mandou que a tropa liberasse os rapazes. Entretanto, o tenente tenente Vinícius Ghidetti achou que eles mereciam uma lição e levou os rapazes para o morro da Mineira, que é dominado por um facção rival ao do morro da Providência e os ofereceu como presente para os traficantes locais. Os rapazes foram então mortos pelos traficantes.
O evento revela, no mínimo, uma promiscuidade entre militares e traficantes. Um tenente dando ¨presentinhos¨para traficantes mostra que os traficantes ainda continuam mandando no Rio, mesmo em regiões patrulhadas pelo Exército. Além disso, o fato parece demonstrar que os militares parecem estar mais preocupados com pequenos delitos, como um suposto desacato à autoridade, do que com o tráfico de drogas... Lamentável.

quarta-feira, junho 18, 2008

Publicidade criativa


Uma boa visão é fundamental!

O Cofre


Talvez poucos, ou realmente ninguém se lembre de uma velha funcionária da repartição de... chamada Elvira. De fato, mesmo que você tivesse ido à repartição, ainda assim, dificilmente teria reparado nela.
Durante oito horas diárias, ela ficava enfiada numa mesa empoeirada,carimbando centenas de papéis. Ao que parece, essa era sua única função importante.
Passaram-se os tempos, mudaram os governos, os gerentes, os diretores, mas Elvira permaneceu imutável em sua mesa escondida, carimbando papéis e ajeitando, de tempos em tempos, os óculos no nariz.
A origem de seu emprego se perdera no limbo. Não se sabia se era concursada ou se tivera, um dia, um pistolão. A verdade é que era uma criatura tão esquecível e seu salário tão insignificante que não se importavam de deixá-la lá.
Certo chefe, há muitos anos, reparara em Elvira. Perguntou-lhe o que fazia, quando tinha entrado ali - ao que ela não soube responder - e ficou indignado ao saber que sua única função era carimbar documentos. Decidiu, então, promovê-la a operadora da máquina de xerox.
Nada mais fácil. Bastava apertar alguns botões e pronto! Saiam cópiasperfeitíssimas, como se fossem originais.
Teria sido muito, muito fácil, não fosse por um pequeno detalhe: Elvira era absolutamente incapaz para o trato humano. Ela não dizia uma única palavra a quem quer que fosse e chorava copiosamentequando alguém apontava qualquer defeito no xerox, ou pedia uma segunda cópia.Por fim, os funcionários deixavam os documentos ali e saiam sem dar um pio.
Elvira, ainda assim, atrapalhava-se: reduzia o que não era para serreduzido, tirava 30/30 cópias de coisas absolutamente desnecessárias...
Diante do trabalho acumulado, o gerente desistiu. Devolveu Elvira para sua mesinha empoeirada e nunca mais se falou no assunto.
Não se sabe, ao certo, como recebera esse nome de Elvira. Sabe-se que fora criada por um tio depois que os pais morreram, ou a abandonaram. Antes que nascesse, haviam elaborado uma lista de 20 belíssimos nomes... todos masculinos! Como nascesse mulher e resmungasse muito, resolveram por-lhe o nome da avó, que se chamava Elvira. É bom que o leitor saiba que o tio era um tipo esquisito, que bebia muito e se escondia das visitas. Aceitara cuidar da menina porque não havia outro jeito e porque calculara mentalmente a economia que faria usando-a como empregada doméstica.
Assim, Elvira cresceu sem nunca ter experimentado uma palavra de carinho ou de afeto. Acostumara-se a ser repreendida tanto por falar quanto por calar. E como calar era mais fácil, calava-se.
Nos últimos tempos, além da função de carimbar documentos, ganhara uma outra. Viera um novo gerente, que tinha uma esquisitice muito singular. Ele descobrira no porão um velho cofre e decidira que todos os documentos carimbados deveriam ser guardados nele antes de serem assinados.
Era de se ver o gosto com que examinava o cofre toda manhã. Esfregava as mãos e então punha-se a girar a tranca, soletrando mentalmente os números.
Finalmente, pegava os documentos, levava até sua mesa e os assinava, com um sorriso nos lábios.
Repetia esse ritual todos os dias e se sentia o mais importante dos homens quando o fazia. Costumava dizer que aqueles eram documentos importantíssimos e que era mesmo uma temeridade deixá-los assim, espalhados sobre a mesa, quando ladrões estavam por toda a parte...
Como não tinha qualquer outra função, além de carimbar, Elvira ficararesponsável pelo cofre. Tinha que carimbar os documentos e, depois, ao fim do dia, trancá-los no cofre. Essa foi sua desgraça.
Certo dia, quando voltava para casa, depois de quase duas horas de ônibus lotado, ela retirou a bolsa da chave ficou petrificada.A revelação abateu seus pensamentos como um tiro: esquecera o cofre aberto!
Como pudera ser tão imbecil?
Pensou em voltar. Controlou-se. Abriu a porta, entrou e despencou no sofá. Estava frita!!! Ficava imaginando a colossal reprimenda que receberia do chefe.
Mais! Muito mais! Seria despedida! Perderia a aposentadoria, a casa. Viu a velhice tranquila de seus sonhos se desfazendo diante de seus olhos. Mas o que podia fazer? Nada! Agarrou-se à idéia de que chegaria antes do chefe para fechar o cofre... mas era impossível. O homem era o primeiro a chegar, e a primeira coisa que fazia era justamente examinar o seu querido cofre.
Levantou. Tomou um banho. Não tinha fome. Foi dormir sem comer. Já era tarde, então...
Sonhou com o tio. Ele lhe aparecia com os olhos vermelhos, um cheiroterrível de cerveja, o punho cerrado, ameaçando espancá-la. Dizia coisas horríveis, a saliva escapando da boca...
Elvira acordou assustada. Tentou dormir novamente. Não conseguia. Olhou para o relógio. Eram 22:40. Ainda havia ônibus. Talvez pudesse se levantar e ir até a repartição. Arranjaria um jeito de entrar e fecharia o cofre...
Tudo daria certo, ela voltaria para casa e terminaria a noite dormindotranquilamente. Voltou a deitar. Fechou os olhos. Não conciliava o sono. A imagem do tio aparecia-lhe diante dos olhos, misturada com a do cofre. Levantou. Vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e saiu. Duashoras depois estava em frente ao prédio da repartição.
Andou à volta. Passou por um lado e por outro. Pensou em escalar a grade. Depois mudou de idéia. Talvez o melhor fosse pular o muro lateral, usando o muro do vizinho, menor, como degrau.
Ia se aproximando quando enorme avançou das sombras.Elvira caiu na calçada, assustada com os latidos terríveis do cão.Lembrou-se do tio. Sentou-se no meio-fio, desesperada. Não havia um meio de entrar, não havia um meio de fechar o cofre... estava tudo acabado: a casa, a aposentadoria, tudo!
Voltou para a parada.
Ficou lá, inerte, por mais de meia-hora, relembrando sua vida.Nunca fora amada por ninguém. Nunca tivera namorados, ou mesmo alguém que lhe fizesse galanteios.
Todos os seus sonhos se resumiam à aposentadoria. Queria uma velhice tranquila e uma morte decente... um caixão simples, mas ornado com muitas flores.
Já passava de uma hora e não passava nenhum ônibus. Elvira resolveu andar a esmo. Foi quando começou a chover. Andou, andou, andou por toda a noite, tiritando de frio e tossindo muito.
Foi encontrada na manhã seguinte, caída numa vala e encolhida de frio. Como não tivesse nenhum documento consigo, foi enterrada como indigente.
Na repartição, ninguém deu pela sua morte. Naquele dia havia uma agitação extraordinária. O gerente fora demitido e nem aparecera pela manhã. O novo chefe, a primeira coisa que fez foi mandar tirar todos os documentos do cofre e devolver o monstrengo ao porão. Ia comandando o trabalho, ao mesmo tempo em que dizia:
- Tirem essa coisa enferrujada daqui! Não quero trastes no meu escritório...E, além disso, de que serve esse cofre? Nem mesmo o fecham...

Seleção natural pode favorecer homossexualidade masculina, diz estudo


Estudo feito na Itália avaliou genes que homens gays recebem de suas mães. DNA ligado à característica tornaria mulheres da família mais férteis que a média. Leia mais


Conclusão 1: a natureza é sábia

Conclusão 2: Darwin mais ainda...



Fui entrevistado pela Newsletter Rede EAD do SENAC São Paulo, numa matéria sobre quadrinhos. Para conferir, é só clicar aqui.

segunda-feira, junho 16, 2008

Curso de roteiro e produção de curta-metragens


Eu e o Alexandre Brito estaremos ministrando um curso no SESC Araxá sobre roteiro e produção de curta-metragens de 23 a 28 de junho, no período da manhã. Alexandre é o organizador do FIM (Festival da Imagem em Movimento). As inscrições podem ser feitas na sala de atendimento do SESC, ao preço de R$ 3,00 para comerciário e R$ 5,00 para usuário. Informações pelo fone 3241 4440, ramal 242. Ao final do curso, serão produzidos e editados dois curtas.

Imprudência no trânsito

Sempre tive a impressão de uma das principais imprudências cometidas pelos motoristas amapaenses acontecem na hora das conversões. O sujeito vai dobrar à direita e vai para esquerda. Um desses motoristas me disse que faz isso para ter ¨mais ângulo¨. Se vem um outro carro à direita, ele que se vire para não bater. Isso, claro, era uma percepção empírica. Pois alunos meus, do curso de Direito do CEAP, fizeram uma observação sistemática numa das principais ruas de Macapá e constataram isso matematicamente. De cada 20 motoristas que iam dobrar à direita, 11 se posicionavam à esquerda da pista. Durante as observações, eles viram vários ¨quase acidentes¨ ocasionados por essa imprudência. Ainda não recebi o trabalho completo. Assim que receber, coloco mais informações.

A teoria comportamental da educação


Um dos pensadores mais importantes da educação no século passado foi o norte-americano Frederic Skinner. Suas idéias influenciaram a educação a tal ponto que, de uma análise dos CD-ROM educativos de meus filhos, conclui-se que todos eles são baseados na teoria de Skiner de condicionamento e reforço.
As origens do pensamento de Skinner remontam ao fisiologista russo Ivan Pavlov. Ganhador do prêmio Nobel de 1904 na categoria de medicina fisiológica, Pavlov ficou famoso por sua experiência com um cachorro. Ao mostrar comida para um cão, o cientista percebeu que este salivava e chamou a isso reflexo incondicionado. Em um segundo momento, o cientista tocou uma campainha e anotou que a resposta do cão era apenas virar a cabeça para olhar de onde se originava o som. Pavlov passou a tocar a campainha toda vez que apresentava a carne ao cão. Em um terceiro momento, apenas o toque da campainha já era capaz de provocar salivação no animal.
Pavlov conclui que o comportamento dos seres vivos pode ser controlado através de um processo de condicionamento. Para isso, basta associar à resposta desejada uma outra resposta, já natural do organismo e agradável. Para Pavlov a recompensa deveria vir um pouco antes do estímulo que se quer condicionar para que se estabeleça uma relação. Para o cientista, também é necessário um reforço constante para manter o comportamento desejado. Essa técnica é utilizada pela publicidade, quando os anúncios associam situações de prazer (viagens, esportes, sexualidade) com produtos. Da mesma forma, ao se associar determinado comportamento a respostas negativas, pode-se eliminar esse comportamento. No filme Laranja Mecânica, cientistas tentam reabilitar um delinqüente aplicando injeções que o fazem ter enjôos enquanto observa cenas de violência e sexo.
Skinner reformulou a teoria de Pavlov, lançando as bases do neo-behavorismo ou teoria do condicionamento. Para eles, existem dois tipos de comportamento.
O comportamento respondente são os reflexos e respostas inatas ao ser humano. São respostas naturais. Quando nosso corpo começa a tremer quanto está frio, por exemplo, temos um comportamento respondente.
O comportamento operante é aquele cuja freqüência foi aumentada ou diminuída como resultado de um condicionamento.
Para Skinner, todos os comportamentos têm a mesma possibilidade de ocorrer, mas se determinada resposta for reforçada, esse comportamento terá maior chance de ocorrer do que outros. Correr é um comportamento inato do rato, assim como andar, mas se, ao final da corrida, ele recebe comida, a chance dele passar a correr se torna maior.
Skinner discordou de Pavlov afirmando que o reforço à resposta deve ocorrer depois, e não antes do comportamento desejado. Para ele, se, no momento em que houver uma resposta correta, houver um reforço, o sujeito terá uma tendência a repetir esse comportamento. Por outro lado, se não houver reforço, o comportamento terá uma tendência a ser extinto. Um exemplo é a criança que faz bagunça para chamar atenção dos pais. Se os pais não demonstrarem nenhuma atitude, a tendência da criança será parar esse comportamento. Por outro lado, a criança que é aplaudida e parabenizada ao guardar os brinquedos de forma organizada, terá a tendência de apresentar novamente esse comportamento.
Para essa corrente de pensamento, a inteligência é vista como a capacidade do organismo de responder aos estímulos do ambiente. Uma pessoa inteligente é aquela que responde melhor ao condicionamento. Um exemplo disso é a chamada caixa de Skinner, em que um pássaro é deixado em uma caixa e deve bicar uma tecla. A toda vez que a tecla é bicada, o pássaro recebe alimento. Ou seja, a resposta correta à situação foi premiada com alimento. Um pássaro inteligente é aquele que percebe logo essa relação e passa a agir de acordo com o condicionamento.
Para a teoria comportamental, a função da escola é manter e conservar os padrões de comportamento aceitos como úteis e desejáveis para uma determinada sociedade, dentro de um determinado contexto cultural, assim como eliminar os comportamentos indesejáveis.
Como o comportamento é moldado a partir da estimulação externa, o aluno não deve participar das decisões curriculares. Essas decisões são tomadas pelos dirigentes e pelo professor, sempre amparados nos objetivos e tendo em vista as necessidades da sociedade.
Os comportamentos desejáveis por parte dos alunos são mantidos através de reforços imediatos, como elogios, notas, prêmios, e reforços remotos, como diploma, vantagens na futura profissão e possibilidade de ascensão social.

O amor está no ar... e nos quadrinhos também!


Palco de grandes romances, as HQs deram novos significados às aventuras amorosas
Por Marcus Ramone (12/06/08)

Ah, os enamorados. O que não seriam capazes de fazer para chamar a atenção da pessoa amada? Principalmente nos quadrinhos, em que a imaginação desconhece limites e os personagens não encontram obstáculos de tempo, espaço ou idade para se entregar ao amor.E haja suspiros, beijos, abraços e muita paixão. Mas também sofrimento, brigas, separações, tragédias, desatinos, traições e outros riscos a que os casais estão sujeitos em seus relacionamentos. Afinal, quem disse que a vida dos namorados nas histórias em quadrinhos é fácil? Leia mais

domingo, junho 15, 2008


História dos quadrinhos 38
O gigante esmeralda e o deus do trovão

O sucesso do Quarteto Fantástico fez com que Stan Lee ganhasse carta branca do dono da Atlas (agora rebatizada de Marvel), Martin Goodman, para criar novos personagens. Lee tinha criado uma nova maneira de fazer super-heróis. Nada de ricaços infalíveis e perfeitos, mas pessoas normais que se viam, de repente, portadores de poderes extraordinários. Nas palavras de Stan Lee, seus personagens tinham, sob as botas de heróis, pés de barro.
Esse conceito foi levado ao extremo com um novo personagem surgindo em 1962: o incrível Hulk. Exposto aos terríveis raios gama (Stan Lee adorava criar esses nomes estranhos), o cientista Bruce Banner transforma-se num monstro irracional, mas de bom coração, que é perseguido pela humanidade. Inicialmente o personagem era cinza, mas uma falha de impressão fez com que ele saísse verde e essa passou a ser sua cor oficial. Para desenhar o personagem, Lee chamou seu melhor desenhista: Jack Kirby! Hulk era o ser mais poderoso da terra e ninguém melhor para desenhar seres poderosos do que o bom Kirby. Anos mais tarde, Kirby afirmou que a idéia para o personagem foi sua, após ver uma mulher levantar um carro para salvar seu filho, o que o levou a concluir que todas as pessoas poderiam liberar seu lado Hulk em determinadas situações.
Apesar do sucesso, a revista teve que ser cancelada no número seis para dar lugar às novas criações de Stan Lee, entre elas o Homem-aranha. Isso aconteceu porque Martin Goodman havia vendido sua distribuidora, colocando todas as suas revistas nas mãos de uma distribuidora que faliu. Assim, ele teve que ir rastejando, pedir para a rival National (atual DC) distribuir suas publicações. Eles toparam, mas exigiram que a Marvel não lançasse mais do que 12 revistas por mês. Assim, para lançar uma revista nova, era preciso cancelar uma antiga.
No rastro das inovações, Stan Lee pediu a Jack Kirby que fizesse um herói baseado na mitologia nórdica. Essa era uma mitologia muito pouco explorada nos quadrinhos, mas segundo Lee, era a mais dramática. Roberto Guedes, no livro Quando surgem os super-heróis, diz que ¨Kirby estilizou de forma ímpar os deuses asgardianos, indo além do figurino trivial dos marmanjos vikings. A cidade de Asgard mais parecia um planetóide alienígena, de charme inigualável¨. O personagem principal, o deus Thor, foi mostrado não como um viking cabeludo, mas como um jovem loiro, de cabelos longos, antecipando o visual dos hippies (posteriormente, Mark Millar exploraria isso na série Os Supremos, mostrando Thor como um hippie ecologista).
King tinha uma mente incrível para grandes sagas e personagens fantásticos. Assim, ele criou vários personagens ou locais marcantes, como Ego, o planeta vivo, a montanha de Wundagore, os colonizadores de Rigel e O Registrador. Lee colaborava com o lado humano e com as tramas bem elaboradas. Um expediente comum era colocar o personagem numa situação insolúvel no final da revista. Na revista seguinte, a situação era solucionada, apenas para dar lugar a uma situação ainda mais complicada. Thor vivia uma verdadeira vertigem de aventuras. Além disso, King usou na série um expediente absolutamente inovador: colagens de fotos que eram misturadas aos seus desenhos, dando um charme especial às histórias.
Hulk e Thor são, até hoje, personagens fundamentais para a Marvel Comics.

sábado, junho 14, 2008

O amigo Josiel Vieira me enviou um conto imaginando as respostas das editoras brasileiras a respeito de grandes obras da literatura. Engraçado que ele imitou até o estilo de redação das editoras (digo isso porque já mandei originais para algumas dessas casas publicadoras):

"Editora Nacional"
E se alguns dos gênios da literatura universal tivessem nascido no Brasil? Imaginei algumas respostas das editoras:

Prezado William Shakespeare,
Os originais de sua obra "Hamlet" foram analisados por nossa equipe, que considerou inadequado à publicação. Sem mais, Editora Record

Prezado George Orwell,
Recebemos nessa semana o parecer técnico de sua Obra "A Revolução dos Bichos". Apesar de na sua história os animais falarem, consideramos o texto pesado demais para o público infanto-juvenil. Atenciosamente, Editora Ática

Caro Hermann Hesse,
Saudações de Paz e Luz! Agradecemos o envio de sua obra "O Lobo Da Estepe", a qual estamos devolvendo. As tendências suicidas do personagem principal Harry Haller vão totalmente de encontro à nossa linha editorial, focada na auto-ajuda. Que os anjos o iluminem! Editora Madras

Prezado Franz Kafka,
Informamos que os originais de sua obra "A Metamorfose" foram recusados, uma vez que nele um homem se transforma numa barata e a nossa editora não trabalha com ficção científica. Sem mais, Editora Moderna

(E a Editora Conrad, apesar de publicar ficção científica, simplesmente não responde a nenhum dos originais que Júlio Verne enviou)
(é o) FIM (da picada!)

escrito por Josiel Vieira de Araújo em 14/06/2008

Ps: Só faltou o ¨Gostamos muito de seu original, mas nossa programação para este ano já está fechada¨, resposta padrão da maioria das editoras...

Para quem não ainda não se inscreveu, aconselho entrar logo na lista Esquadrinhando. O Marko Ajdarić envia, 3 vezes por semana, uma lista de boas matérias sobre os mais diversos assuntos relacionados aos quadrinhos. A dica das matérias sobre cores e conservação de livros, recebi através do Esquadrinhando. Para se inscrever, é só mandar um e-mail para: neorama@uol.com.br


Leia no blog Art-educando dicas sobre como conservar seus livros. Vai uma delas: não guarde seus livros em caixas. Eles devem ficar na estante, na vertical.
Leia no site Mundo cor, uma ótima matéria sobre a psicologia das cores, assunto essencial para quem trabalha em áreas como marketing ou decoração. Abaixo alguns significados das cores (retirados da matéria):
Os azuis - As tonalidades azuis simbolicamente associadas à imensidão do céu, às águas claras e à espiritualidade, provocam sensações refrescantes. São tons que permitem o relaxamento, alívio de tensões e a calma, mas as nuances devem ser cuidadosamente estudadas e dosadas, pois os excessos podem causar introversão e denotar tentativa de super controle dos sentimentos e da excitação.
Os amarelos - As tonalidades amarelas simbolicamente associadas à luz, ao sol, à consciência e à alegria de viver, transmitem a sensação de ambientes secos, o que pode ajudar a resolver problemas com a umidade nos ambientes. Também estão ligadas à idéia de nobreza; no oriente é a cor mais importante depois do vermelho; pela associação com a cor do ouro. Entretanto, o excesso de amarelo pode ter efeito catastrófico, pois podem denotar tendências excessivamente extrovertidas, que podem remeter a algo brega, de mau gosto. Aplicado apropriadamente pode indicar aspirações e ambições bem desenvolvidas.
Os laranjas - As tonalidades laranjas pertencem a um grupo intermediário entre os amarelos e os vermelhos. Estão ligados à idéia de vitalidade, alegria e energia.
Os vermelhos - O aspecto simbólico do vermelho está relacionado à força da vida, ao coração, ao erotismo, à nobreza, mas também, se usado em excesso, à instabilidade emocional e à agressividade.
Os verdes - As tonalidades de verde estão ligadas ao sentido de esperança, de vida e de sorte.

Guerrilha amazônica


Todo semestre, para a disciplina Marketing Global, peço aos meus alunos que façam um plano de marketing, voltado para o mercado externo. Normalmente esses trabalhos são apresentados no EMEAC, espaço mercadológico do curso de administração do CEAP, durante a Semana Acadêmica da instituição. A maioria dos trabalhos são muito bons, mas esse semestre um grupo de alunas me surpreendeu com uma ação de guerrilha. No último dia da semana acadêmica, durante a comemoração da festa junina, elas aproveitaram uma brecha na programação para colocar uma apresentação de toada como forma de divulgar o produto, as sandálias ARAM (sol, em tupi-guarani). A proposta é fazer essas apresentações em feiras internacionais e usar as índias do grupo como garotas-propagandas da sandália.
A recepção dessa ação de guerrilha foi tão positiva que minhas alunas já estão pensando até mesmo em fabricar a sandália. Teve gente que até fez encomenda.
O grupo de toada é o ¨Trupi caprichoso guerreiros Múra¨. No centro da foto, estão as três alunas, Leoneti Costa, Brenda Melo e Danielle Mesquita.

sexta-feira, junho 13, 2008

O conhecimento empírico


Como fazer para o sal não endurecer no saleiro? Qual a melhor época para plantar? Como tirar manchas da roupa? Essas são perguntas com as quais o homem se depara em sua vida diária. A maioria delas permite uma resposta sem que seja necessário recorrer à ciência. O homem comum sabe que, se colocar grãos de arroz no saleiro, o sal ficará soltinho e será fácil retirá-lo de lá.
Esse conhecimento é chamado de empírico. É o conhecimento que nasce da observação diária dos fatos. O ser humano observa relações de causa e conseqüência, aquilo que os semióticos chamam de índice: se há uma poça no chão, é por que choveu e há uma goteira no teto. Se vejo fumaça saindo da floresta, intuo que há fogo.
Observando essas relações de causa e conseqüência, o homem vai criando um conhecimento que lhe permite fazer diversas atividades diárias.
Entretanto, esse é um conhecimento não sistemático, assim como sua transmissão. O homem comum não faz diversas experiências com vários tipos de materiais até chegar ao grão de arroz como o mais apropriado para colocar no saleiro. Simplesmente alguém um dia colocou um grão de arroz lá e observou que deu certo.
Também é um conhecimento que não vai aos porquês. O homem comum sabe que o arroz faz com que o sal saia facilmente do saleiro, mas não sabe porque. Não sabe que o arroz tira a umidade do ar e que o atrito com os grãos faz com que as moléculas do sal fiquem soltas.
Apesar de suas limitações, o conhecimento empírico tem feitos realizações realmente extraordinárias. A utilização de plantas medicinais é uma delas. Os ribeirinhos da Amazônia sabem coisas sobre as propriedades curativas das plantas que a ciência só tem descoberto muito recentemente (inclusive muitas pesquisas científicas estão indo buscar, justamente nesse conhecimento empírico, informações sobre essas plantas).
Um outro exemplo é a maniçoba. Descobrir que a planta da maniva deveria ser cozida durante sete dias e sete noites deve ter sido uma aventura tão surpreendente quanto qualquer pesquisa científica. É de se supor que tenha havido muitas tentativas antes de se chegar ao ponto ideal de cozimento (infelizmente muitos heróis devem ter morrido no meio do caminho).

Fim dos Tempos


Leia, no Omelete, resenha de O Fim dos Tempos, o mais recente filme de M. Night Shyamalan, um cineasta que começou com uma obra-prima (Sexto Sentido) e depois só tem decaído.

quinta-feira, junho 12, 2008

Música do dia


Essa Noite Você Vai Ter Que Ser Minha
(Odair José)


Quero ver no meu rosto seu riso alegre
Quero esquecer a vida pra viver o amor
lá fora a chuva tá caindo e não vai parar
Minha vida pode ter fim quando o dia chegar

não precisa dizer nada pra não se arrepender
Tem certos momentos na vida que o silêncio é melhor
Esqueça que a chuva lá fora ainda não parou
Peça que o dia não chegue pois você me encontrou

Essa noite você vai ter que ser minha
Essa noite vai ser feita pra nós dois
Nem que seja dessa vez e nunca mais
Só não quero deixar nada pra depois

Merchandising


Existe uma grande confusão sobre o significado do termo merchandising. Muitos acham que é sinômino de publicidade. na verdade, merchandising são as estratégias promocionais no ponto de venda. É toda uma ciência que tem sido elaborada para fazer o consumidor comprar mais, ou comprar determinado tipo de produto. Um dos grandes erros é fazer o que fez uma loja do shoping Macapá. Vitrine bonita, tudo ok, mas um cartaz à mão, mal-feito, anunciando produtos em promoção. Esse é o tipo de coisa que estraga o posicionamento de uma empresa...

Cientistas encontram área do cérebro responsável por detecção do sarcasmo

Dan Hurley Do 'New York Times' entre em contato

Não havia nada muito interessante no estudo da Dra. Katherine P. Rankin sobre o sarcasmo — pelo menos, nada que valesse o tempo usado no estudo. Tudo o que ela fez foi usar a ressonância magnética para encontrar o lugar no cérebro onde reside a habilidade de detectar o sarcasmo. Então, você provavelmente já sabia que era no giro hipocampal.
O que você pode não ter percebido é que a percepção do sarcasmo, a insolente crítica que enterra sua observação ao afirmar o oposto, exige um esperto truque mental localizado no coração das relações sociais: adivinhar o que os outros estão pensando. Aqueles que perdem a habilidade, através de um ferimento na cabeça ou da demência frontotemporal que aflige os pacientes do estudo de Rankin, simplesmente não entendem quando alguém diz, durante um furacão, “Que tempo lindo”. Leia mais

Agradecimentos

Eu gostaria de agradecer às pessoas que fizeram compras no Submarino seguindo deste blog. Mês passado, duas pessoas compraram notebooks, um tipo produto que não constumo anunciar. Ou seja, compraram passado por aqui só para dar uma força. Agradeço muito. Se outras pessoas que lêm este blog quiserem fazer compras no Submarino, cliquem num dos links daqui. Não é necessário que seja de produtos anunciados aqui. Chegando ao Submarino através deste blog, a loja já registra.

Quadrinhos estimulam a leitura


Uma tese de doutorado defendida na USP mostra aquilo que a maioria dos leitores de quadrinhos já sabia: os gibis estimulam a leitura, inclusive de literatura. A autora, Valéria Aparecida Bari, fez sua pesquisa no Brasil e na Espanha para comparar os resultados e nos dois países chegou à mesma conclusão. A informação é o Blog dos Quadrinhos. Abaixo uma parte da entrevista que a Valéria forneceu ao Blog:


Blog - Por que, no seu entender, sempre circulou um discurso contrário à idéia de que quadrinhos estimulam a leitura?
Valéria Bari
- Como a posse da informação sempre representou uma forma de poder socialmente constituído, naturalmente é desinteressante para os detentores dessa informação que ela transite livremente. Como a linguagem dos quadrinhos sempre foi representativa na leitura infantil e das camadas populares, sua validade cultural é questionada por aqueles que preferem privilegiar linguagens, discursos e obras inacessíveis.

Terminou a primeira enquete deste blog. Eu perguntei que temas os leitores mais gostam de ler aqui no blog. O tema predileto é história em quadrinhos, com 47%, seguido de outros (23%), Marketing (17%) e Metodologia Científica (11%).
Para tentar descobrir o que seriam esse ¨outros¨, estou fazendo uma nova enquête. Agora os itens são:
Política
Cinema
Histórias autobiográficas
Crônicas

quarta-feira, junho 11, 2008

Hilário

Como escrever quadrinhos - o conflito

Ok, ok. Agora você já sabe escrever seu roteiro. É um expert! Aí você faz sua primeira história. Se fizéssemos uma sinopse de sua obra-prima, ela sairia mais ou menos assim:
Um grupo de três amigos vai acampar. Eles chegam, montam a barraca, dormem. No dia seguinte andam pelos arredores. Almoçam. Voltam para casa felizes da vida com o passeio.
É impressão minha, ou está faltando alguma coisa? O que você acha? Essa história tem alguma graça? Alguém pagaria para ler algo assim? Você pagaria?
Se você respondeu não, então estamos de acordo.
Falta história. Falta um conflito.
O conflito é o que move a história, tornando-a interessante.
Nas histórias de super-heróis esse conflito é geralmente representado pelo arranca-rabo entre o vilão e o herói. Mas, na nossa histórinha sobre o grupo de amigos, poderíamos acrescentar algum conflito sem que seja necessário apelar para um super-vilão?
Sim, isso é possível.
Vamos imaginar, por exemplo, que um maníaco assassino está à solta justamente no local em que eles resolveram acampar. Alguém aí assistiu a Bruxa de Blair? A história era mais ou menos assim: um trio de cineastas vai filmar um documentário sobre uma bruxa e se perde na floresta, sendo perseguidos pela bruxa.
Digamos que nosso orçamento não nos permitiu incluir uma bruxa no filme. Na verdade, nem mesmo temos dinheiro para contratar um outro ator. Então podemos transportar o conflito para dentro do trio. Um deles pode brigar com os outros e sair pela floresta, perdendo-se. E a história é a tentativa dos outros de encontrá-lo.
Importante lembrar que nem sempre o conflito precisa ser entre seres humanos. Eles podem ser atacados por um animal da floresta, por exemplo. Há uma história muito boa do Arquivo X em que eles estão na floresta e são atacados por abelhas assim que anoitece.
Um dos conflitos mais interessantes é o conflito contra o destino.
As histórias do teatro grego eram ótimos exemplos disso. Édipo Rei, por exemplo, mostra a luta do ser humano contra o destino. E ele perde, demonstrando que, para os gregos, não havia como escapar do destino.
Na nossa HQ o destino poderia ser representado por contra-tempos que impedem o grupo de chegar ao destino. Eles vão de carro e o carro quebra. Eles pegam um ônibus. O ônibus acaba sendo assaltado. Eles vão para a delegacia. Uma vez lá, são confundidos com bandidos perigosos e fogem. Quando acaba o final de semana e eles voltam para casa, estão mais cansados e estressados que antes.
Então, não se esqueça: dominar as técnicas de roteiro não adianta nada se você não consegue colocar conflitos na sua HQ.

Compre o DVD da Bruxa de Blair no Submarino.

Macapá precisava de um programa como o CQC. Segunda-feira passada, eles foram numa cidadezinha do interior de São Paulo para fazer uma matéria que comprou alimentos superfaturados para colocar na merenda das crianças (um quilo de feijão, nas contas do prefeito, valia mais de 8 reais). No final, eles deram de presente ao prefeito uma calculadora enorme.
Se alguém quiser fazer algo semelhante, vai uma dica: os buracos. Tem rua que foi recapeada há menos de dois anos e já está cheia de buracos. Exemplo disso é a Claudomiro de Moraes, próximo da Feira do Agricultor. Acho que o asfalto usado na cidade tem prazo de validade: aguenta firme até a época da eleição, depois vira sonrisal (dissolve na água).

Quadrinhos didáticos

Leia um post do amigo José Aguiar sobre como os quadrinhos dele têm sido usados em livros didáticos (o caso mais recente foi um livro de Língua Portuguesa da SM que usou uma tira da série Folheteen).

terça-feira, junho 10, 2008


Para quem se interessa por Psicopatas, uma boa dica é o site da Ilana Casoy, a principal autora sobre o assunto no Brasil.

Heresia


O Surfista Prateado é um dos personagens mais interessantes dos quadrinhos. Filósofo e angústiado, ele representa bem o que havia de mais ousado na Marvel da década de 1960. Dia desses, olhando na loja de brinquedos do shoping Macapá encontrei esse boneco que é uma verdadeira heresia: o Surfista Prateado com cara de Bad Boy pilotando uma moto!
Compre o DVD Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado no Submarino.